Ações da Americanas estão em leilão sinalizando queda de 90% após "bomba" bilionária.
- Bernardo Cassel

- 12 de jan. de 2023
- 2 min de leitura
Papéis da companhia estão com previsão de abertura as 13:40; ex-CEO destacou em conferência necessidade de aumento capital.

A Lojas Americanas “descobriu” que deixou um passivo de R$ 20 bilhões de fora das demonstrações financeiras.
Para dar uma dimensão, a inconsistência do balanço é superior ao seu patrimônio líquido, que hoje é de R$ 15 bilhões. Ou seja, a se confirmar essa informação, é como se o patrimônio líquido da empresa fosse de R$ 5 bilhões negativos.
Também podemos comparar com outro caso famoso aqui da nossa bolsa, o da IRB Brasil.
Essa inconsistência de R$ 20 bilhões das Lojas Americanas é “apenas” 15 vezes superior ao rombo da IRB, que foi descoberto em 2020 e fez as ações da empresa despencarem 98% desde então.
Após o anúncio do fato relevante na noite de ontem, o CEO da empresa, Sérgio Rial, e o Diretor de RI, André Corve, renunciaram aos seus cargos.
O detalhe é que Sérgio Rial veio do banco Santander e possui grande experiência no mercado financeiro. Ele assumiu como CEO no dia 2 de janeiro de 2023; ou seja, em apenas 10 dias descobriu o rombo de R$ 20 bilhões e deixou o cargo.
Pelas informações já divulgadas, a inconsistência parece ter origem em uma operação chamada de risco sacado, comum no ramo do varejo: você compra as mercadorias do seu fornecedor, e, ao invés de pagar 60 ou 90 dias depois, você adianta o pagamento aos fornecedores (em troca de um desconto). Para isso, você entra em contato com um banco, que faz o pagamento, de modo que você passa a dever ao banco.
Contudo, no caso das Lojas Americanas, aparentemente o passivo com os fornecedores era retirado do balanço após as operações de risco sacado, mas não era incluída a nova dívida com os bancos – gerando essa “inconsistência” de R$ 20 bilhões.
As repercussões desse caso só ficarão mais claras nos próximos dias, mas resta saber como a governança da empresa permitiu que isso acontecesse, como a empresa de auditoria externa (uma mais respeitadas do Brasil) não pegou essa falha, que foi descoberta em apenas 10 dias pela nova gestão.
As ações da Americanas estão caindo mais de 90% no leilão de abertura, previsto para durar até 13h40.
A B3 alterou o “hard limit”, ou limite de baixa no leilão, de 75% para 99% - e nada impede que as ações sigam em queda nos próximos dias.
Texto: Bruno Perini.


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